Defesa de Bolsonaro entrega explicações sobre suposta tentativa de fuga e nega descumprimento de medidas cautelares
22/08/2025
(Foto: Reprodução) Defesa de Jair Bolsonaro responde questionamentos de Alexandre de Moraes e nega descumprimento de medidas restritivas
Os advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro negaram que ele tenha descumprido as medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes. Na noite desta sexta-feira (22), eles entregaram explicações ao ministro do STF – inclusive sobre a suposta intenção de fugir do Brasil.
O documento foi entregue pouco depois das 19h. E apresenta as explicações da defesa do ex-presidente aos questionamentos feitos pelo ministro Alexandre de Moraes.
Segundo a Polícia Federal, as mensagens e áudios encontrados em dois celulares de Jair Bolsonaro comprovam que o ex-presidente descumpriu medidas cautelares impostas pela Justiça.
O relatório da PF também afirmou que as investigações encontraram um documento com pedido de asilo político para Bolsonaro ao presidente da Argentina, Javier Milei.
Na quarta-feira, a PF indiciou o ex-presidente e o filho Eduardo Bolsonaro por coação para interferir no julgamento da tentativa de golpe do Estado. Nas explicações enviadas ao Supremo, a defesa de Jair Bolsonaro chamou o relatório de peça política para desmoralizar o ex-presidente, com fatos descabidos.
Sobre o suposto plano de fuga para evitar uma eventual prisão, os advogados sustentaram que a própria PF reconhece no relatório ser o documento mero rascunho antigo enviado por terceiro, além da indeclinável constatação de que o tal pedido não se materializou. Fato é que, com ou sem o rascunho, o ex-presidente não fugiu.
Defesa de Bolsonaro entrega explicações sobre suposta tentativa de fuga e nega descumprimento de medidas cautelares
Reprodução/TV Globo
Os advogados disseram ainda que Bolsonaro obedeceu a todas as decisões proferidas pelo Supremo.
Sobre a acusação da PF de que Bolsonaro manteve contato com seu ex-ministro, general da reserva Braga Netto, que também é réu na ação da trama golpista, os advogados alegaram que o ex-presidente não respondeu à mensagem. Disseram que a mensagem foi apenas recebida. Sem notícia de resposta. Sem qualquer reação. Sem qualquer comunicação por parte do ex-presidente.
A defesa afirmou também que as mensagens trocadas por Bolsonaro com o advogado Martin de Luca, que representa a Trump Media & Technology Group, do presidente americano Donald Trump, e também a plataforma de vídeos online Rumble, são anteriores às medidas cautelares. O advogado americano não é investigado em nenhum feito. E não há qualquer proibição de contato de Bolsonaro com ele.
Os advogados argumentaram que o ex-presidente nunca esteve proibido de utilizar o WhatsApp, de trocar mensagens ou de se manifesta e até o último dia 17 de julho, podia conversar livremente com seu filho, Eduardo Bolsonaro.
A defesa afirma que as conversas recortadas pela Polícia Federal, inclusive de desavenças que desmentem a ideia de uma “atuação coordenada”, servem mais às manchetes do que aos autos.
Os advogados disseram ainda que a conversa do ex-presidente com o deputado Eduardo Bolsonaro terminou quando o ministro Alexandre de Moraes o proibiu de falar com o filho.
A defesa concluiu:
"No mais, e para além da ausência de fatos novos ou mesmo contemporâneos, é certo que não há qualquer notícia de descumprimento de nenhuma das cautelares já impostas neste último um ano e meio".
O ministro Alexandre de Moraes determinou que os documentos sejam enviados à Procuradoria-Geral da República, para que ela se manifeste.